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terça-feira, 21 de junho de 2011

Dia de FILOSOFIA

DE BEM COM A VIDA


Cientistas comprovam que a felicidade está nas pequenas coisas. Não brigar com a realidade, ter objetivos e não perder tempo com fatos sem importância podem trazer mais alegria do que beleza e dinheiro.

O que é felicidade ? O equilíbrio da mente ? A capacidade de lidar com as rasteiras que a vida dá, um estado de espírito ou algo escondido dentro de cada um ? Ninguém sabe ao certo defini-la, muito menos qual a receita para alcançá-la.

Desde que o mundo é mundo, poetas, filósofos, religiosos e mortais comuns tentam realizar essa proeza. Mas parece que ela está sempre escapando e que o vizinho sabe, indiscutivelmente, ser mais feliz. Apesar da eteriedade do tema, a ciência tem tentado se arriscar nessa busca e tem conseguido boas pistas.

Pesquisadores da Universidade de Missouri, Columbia (EUA), delinearam as necessidades psicológicas essenciais ao ser humano. Seriam elas : autonomia, competência, proximidade com outras pessoas e amor a si mesmo.
O estudo levanta uma questão instigante: seria, então, possível ensinar a ser feliz?  A resposta é sim. Identificadas, essas necessidades podem ser realçadas no desenvolvimento pessoal, assim como as necessidades orgânicas de uma planta podem ser priorizadas para melhorar o seu desenvolvimento.  

A pesquisa torna evidente que os efeitos externos e concretos de uma ação provocam menos contentamento do que os sentimentos que ela desencadeia. Também indica que a capacidade de atingir o estado de graça ou felicidade suprema estaria mais ligada a um jeito especial ou disposição de observar e interpretar o mundo.

É possível produzir prazer em laboratório ( basta colocar eletrodos em determinada área do cérebro ), mas não felicidade, uma emoção muito elaborada.  Muitos buscam essa ilusão em drogas.  Assim se consomem, equivocadamente, muitos antidepressivos.  Felicidade é muito mais !

A questão vai além da matemática básica da rede neural. O que determina a capacidade de sentir prazer e bem-estar, além da química neural, é a personalidade - formada por temperamento, meio social, educação e genética. Um oriental, por exemplo, sofre de forma diferente de um latino. Pessoas ansiosas tendem a antecipar resultados negativos e a ter uma visão ameaçadora da vida. Uma criança criada num ambiente assim pode sofrer mais. O inverso também vale. Uma família otimista tende a passar para a frente esse comportamento.

O equilíbrio de neurotransmissores pode ser diferente nessas pessoas, mas a capacidade de sentir-se mais feliz e adaptado está ligada a fatores ambientais e de personalidade.

Se o equilíbrio químico do cérebro não garante felicidade, é certo que o contrário incomoda e muito. Não podemos desprezar a força dos hormônios – que alteram a ação dos neurotransmissores e o humor. A mulher tem variações diárias de hormônios. Uma depressão pode ser provocada pela queda do estrógeno, por exemplo. Nos homens, a testosterona regula a disposição para o sexo. Registra-se, ainda, a importância da dieta alimentar. A falta de vitamina B6, por exemplo, contribui para o desequilíbrio entre os neurotransmissores. “Felicidade também é o bom funcionamento do organismo.

Apesar do valor que se deve dar à saúde do corpo, há quem consiga sorrir até mesmo na doença. Para o contentamento que resiste à adversidade, psicólogos, e médicos defendem a mesma fórmula: autoconfiança e aceitação da realidade (o que não pressupõe acomodação pura e simples ).  Aceitar um fato é o primeiro passo para mudá-lo.

Há casos extremos em que a própria doença vira um atalho para a felicidade. O risco de estar com os dias contados e a sua superação acabam por fazer as pessoas reavaliarem seus valores e darem uma guinada em suas vidas.

As pessoas se iludem ao pensar que ser feliz é não ser contrariado. “Só os mortos não têm problemas”. Feliz não é aquele que não cai, mas o que sacode a poeira e dá a volta por cima.

A felicidade condicionada a fatores externos é artificial.  Se a felicidade viesse de fora, um acontecimento não geraria sofrimento em um e alegria em outro. Quase sempre colocamos nossa felicidade no que ainda não temos ou naquilo que não somos. A supervalorização das conquistas materiais nos faz entrar num ciclo de raiva, inveja, medo, apego a pessoas e coisas e até ao próprio sofrimento. O segredo estaria em viver com generosidade o momento presente, com o que temos e com o que somos, sem perder de vista os nossos sonhos.

A vida é dinâmica. Ora estamos por baixo – é o momento de aprender –, ora por cima – aí sim devemos comemorar. Dentro desta ótica, aquele que entende que a vida é cíclica seria mais feliz do que o que acumula vitórias.

Uma das razões para o eterno desapontamento é que as pessoas reservam o prazer ao bom resultado, desprezando o que o trabalho em si pode proporcionar. O pintor deve ficar feliz em pintar e não só em ver a casa pronta. Quase sempre o serviço é encarado como uma tortura e as pessoas dramatizam as mínimas dificuldades.

A melhor forma de lidar com os reveses é buscar perceber o que a vida está tentando ensinar.

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