A divindade do momento é material. Apesar de ser um conceito abstrato, criação da mente humana, toma forma a todo instante. Não adoramos atualmente nenhum deus maior que o cifrão. Não obstante outras crenças e um outro Deus, o deus dinheiro reina absoluto, em todos os lares, independente da orientação espiritual. Ele concentra nossas atenções e pede culto diário. É o desejo, a sorte, a absolvição. A recompensa para dores e sacrifícios, a redenção dos males, a remissão de pecados. Ele é a salvação !
Oferecemos-lhe nosso corpo, nossa mente, nosso estado de espírito. Entregamos-lhe tempo, suor e, infelizmente, tantas vezes, consciência. Depositamos nele nossas aspirações e submetemos a ele nossa felicidade. Ele é a direção e a bússola, o objetivo e o caminho. É a medida do ter, o valor maior. Afligimo-nos por ele... e sua presença nos conforta. Assim, aprisiona-nos prometendo liberdade. Fizemo-nos escravos de suas correntes. Rendemos graças a ele, num altar de onde parece impossível retirá-lo.
A insatisfação busca nele um lenitivo, um remédio... que pode ser veneno. $ acalma e excita, altera os estados de ânimo de modo instantâneo: inebria, vicia. $ é pílula de papel, unguento de plástico, que causa dependência.
Além de nos servir, nós o servimos. Ele gerencia nossos desejos, nossos pensamentos, nossas emoções, dirige nossas ações. O que era para ser meio, tornou-se fim. Desaprendemos a nos satisfazer por outras vias, confiamos a ele nosso sentido de realização. Resumimo-nos em tê-lo ou não. Reduzimo-nos em função dele.
Mas há horizonte além do cifrão !
Os momentos marcantes de nossas vidas, que congelam o tempo e nos embargam de emoção vão muuuuito além dele !...
Con$umir parece prático: calar a voz da inquietude e da insatisfação com um bem material é mais simples que conversar com elas. Hoje, mais que moeda de troca, dinheiro é meio de preencher vazios e necessidades subjetivas mal identificadas.
$ é divino... mas não é deus ! Não é carinho, não é paz, não é saúde... não é amor : nossas necessidades básicas, elementos vitais de equilíbrio e bem-estar.
Ou não ?
Há satisfação além do cifrão !... E está dentro de nós !
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