Ser livre já foi basicamente despojar-se e ousar algumas diferenças: deixar o cabelo crescer, pregar a paz e o amor. Vivia-se em meio à ditadura militar, que cerceava direitos e impunha rigorosos limites, mas dentro das pessoas pulsava um algo mais: vontade, fé, esperança genuína. As pessoas não eram tão prisioneiras de si mesmas: eram livres... no pensar. Seus interiores guardavam essa energia.
O mundo não pára e também mudamos nós. Discute-se igualdade racial, direitos civis, políticas contra segregação, diminuição das diferenças sociais mas, na prática, somos cada vez mais prisioneiros... em nossas próprias casas, em nossos próprios corpos, mentalmente sequestrados pela ansiedade e pelo medo. Tornamo-nos reféns de nós mesmos. Pensamentos e emoções são nossos carcereiros.
A violência objetiva origina a violência passiva do resguardo e da contenção. Fechamo-nos entre muros e grades receando perder algo já perdido: a tranquilidade. Voltamo-nos para o culto ao corpo buscando achar, do lado de fora, alguma alegria escondida. Sonhamos com alguma coisa que nos livre da vida que levamos. Nossas mentes trabalham intensamente na busca de saídas, viajam tentando encontrar algo que nos liberte e proporcione paz. Talvez um novo emprego, uma outra cidade... uma casa diferente talvez ?! Quem sabe num outro corpo possamos ser felizes ?!
Insatisfação e ansiedade são grades grossas, depressão é camisa de força, medo é cerca elétrica. Drogas se sugerem chaves mágicas, dinheiro parece abrir todas as portas. A impossibilidade de ter tudo, de ser mais - e tantas outras cobranças - nos consomem. Há algo de errado em nosso modo de pensar.
Não estamos seres livres !
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