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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dia ZEN

MEDITAÇÃO


Partindo do Silêncio

Não é uma tarefa simples afirmar o que é meditação.
As pessoas "compram" a idéia de que a meditação é uma técnica que as libertará de seus pesares e dores, executando uma entre tantas outras formas de meditação.
Dirão que o praticante deverá sentar-se em uma posição fácil e confortável e com a coluna ereta, relaxar o corpo, respirar em determinada freqüência, concentrar-se em um ponto, pensamento, imagem ou mantra e procurar, com esforço de sua vontade, criar um estado de atenção tal que a mente não fuja do objeto sob foco da atenção.
Assim tantos fracassam, desanimando-se após algumas tentativas. Abandonam, decepcionados, a grande via para a compreensão da realidade, acreditando-se incapazes para a tarefa.

A meditação é um estado natural da mente, ao qual se chega sem esforço da vontade, mas trabalhando com ternura e seriedade por estágios preliminares onde se estabelecem as condições necessárias para a maturidade de uma percepção e ação retas.
Devemos observar que o verdadeiro problema não é a conquista da atenção a qualquer preço, mas simplesmente fazer desaparecer a desatenção.

Podemos estabelecer uma nova relação entre a periferia da mente, onde ocorrem as distrações e o centro focal da mente. A mente das pessoas comuns divaga pela periferia, saltando de um pensamento para outro, obedecendo às leis de associação, sempre perdendo rapidamente o objeto focal, distanciando-se do centro de seu interesse produzido por um estímulo externo ou interno. A mente de algumas pessoas bem treinadas na arte da concentração, foca sobre um objeto qualquer e exclui todo o qualquer objeto da periferia, consumindo para tal prodígio grande quanto quantidade de energia; cria uma zona de grande conflito entre centro e periferia e, portanto, tensão. Quando damos as costas à margem, ao periférico, para olharmos para o centro, acabamos por olhar o periférico por outro ângulo; afinal o centro é um ponto, uma singularidade. Criamos, em verdade, uma dualidade centro-periferia, mente superior - mente inferior, mantendo-nos no jogo eterno da mente, que fraciona a realidade. 

A nova relação é um prestar atenção total às distrações da mente, perceber seu movimento do centro para a periferia e deste para o centro, sem conflitos, sem esforço, não há intenção nos movimentos. Neste estado há um total relaxamento da mente e a atenção acontece, dá-se por si mesma. Quando não há resistência à mente e a seus conteúdos, estes se esgotam por si mesmos, não é possível esvaziar a mente, a mente esvazia-se a si mesma. Surge um silêncio natural e fecundo. Neste estado a percepção acontece sem deformações produzidas pelos conteúdos da mente, não há reações nascidas dos condicionamentos adquiridos; pode-se agir retamente, pois a realidade é percebida em sua inteireza. Cada olhar é um novo olhar, nada é velho, tudo é sempre novo para uma mente inocente. é possível que você já tenha estado nesta condições, ainda que por uma fração de segundo.. talvez olhando uma flor orvalhada pela manhã, ou ao ver uma criança sorrindo, um crepúsculo, ou quem sabe o seu próprio rosto ao espelho; neste instante atemporal não havia feio ou belo, certo ou errado, espiritual ou material, passado ou futuro, havia apenas Vida... Vida em abundância.

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