O QUE ESTAMOS FAZENDO CONOSCO
A ditadura das formas esguias vem torturando e levando à loucura muito mais vítimas que os mais opressores regimes políticos. São exércitos de descontentes e ansiosos à procura de uma imagem, uma ilusão. Bulímicos e anoréxicos aparecerem como pontas das pontas de imensos icebergs. A luta contra a natureza das curvas, em busca do ideal esquálido da moda é uma briga mal declarada, muito desgastante, contra si mesmo.
Uma estética fabricada e padronizada motiva a esmagadora maioria desses embates. Ser magro passou a ser pré-requisito do ser belo, adjunto de sucesso, de poder: disfarces para a necessidade de aceitação.
A magreza é propagandeada como meio certo para fins incertos, vendida como garantia de conquistas - do parceiro ao emprego e à fama. Somos cada vez mais seduzidos a não nos aceitarmos, a desejar ser outro alguém.
Multidões de adultos e jovens são abatidas na angústia da luta contra centímetros e quilos “extras”, imaginários. Há sempre “algo mais” a perder, diminuir ou mudar aqui e acolá ! A insatisfação se auto-alimenta. A lucidez se perde.
O que é ideal... ou o que deveria ser ?
Valores morais têm perdido sua importância no vale tudo das aparências: parecer parece valer mais. Enquanto isso, o corpo padece e a mente adoece a patologia do eterno descontentamento, sustentando-nos mal, em alicerces inseguros.
Nosso meio externo, aquele que criamos, reflete o interno – aquele em que só nós podemos realmente investir e administrar.
O que estamos fazendo por eles ?
O que estamos fazendo conosco ?
Nenhum comentário:
Postar um comentário