Quando crianças, ainda sem nenhuma noção de tempo e espaço, o mero sair é um passeio. Com uns aninhos a mais, já nos interessa onde ir e a noção de passeio, como um deslocamento puro e simples, começa a se perder. Continuamos crescendo e ela se esvai. Só o destino interessa. Nossa expectativa é chegar - sinônimo de acontecer.
Fazemos planos, ansiosos por chegar seja lá onde for. Caminho é apenas a distância entre dois pontos, o de saída e o da realização. O intervalo que nos separa da “materialização” do desejo é um vão. Quanto falta ? Estamos perto ? Ainda demora muito ? O caminho é um fardo, o preço a pagar pela futura alegria - que se desenha clara e se faz urgente.
O tempo passa, a idade avança... e as marchas alcançam outro status. O percurso pode voltar a ser passeio, o deslocamento - desejado – a ser desfrute por si só. Um programa interno parece dizer que não há tempo a perder. Por que deixar espaços em branco ?
Vãos podem deixar de ser lacunas vazias. A distância entre dois pontos, composta de infinitos, oferece tantas possibilidades ! Aquele fardo juvenil tende a transforma-se em prazer maduro, tão deliciosamente genuíno que até infantil.
O peso dos anos deve tirar-nos alguns pesos... e o simples encontrar espaço para mostrar sua intensidade, seu valor, sendo novamente magia.
Passeio: que seja além de um meio, também um fim.
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